domingo, 15 de março de 2020

Fluxos

Por Debora Restum e Tati Mendes


No toque dos corpos, no fluxo da vida, a pele segue a urgência do sentir caminho que passa por sangue,suor e lágrimas Poesia feita de poeira e sonhos.. Desejo que rompe as amarras do cotidiano e ousa ser voz, energia, na coragem de ser nós, faca que corta a carne, aperta o peito, mãos que se abrem à revelia do Eu... E enquanto cada segundo, no correr do relógio risca na alma um instante a menos do existir, a vida ousa ser mergulho, no inesperado, caminho indefinido entre o sim e o não,onde não há controle, só o movimento constante de sons e imagens, só o corpo que treme diante do caos e a paixão da vida. Diante de si o medo. Medo de deixar de ser Medo de não ser mais Mas só se é no fluxo. É preciso assumir o risco de abrir as mãos e cerrar os olhos para sentir o sutil toque do novo sob a pele que ainda sangra sobre os sonhos e a ousadia de tentar reter as engrenagens do tempo. Porque será em vão. Às janelas trancadas, a inevitável poeira dos dias adentra a casa Ao menor descuido, o mar invade a alma, inescapável, em todas as suas metáforas. E a única coisa fazer é ter a coragem de deixar-se ir,sem direção ou controle. Onde o único caminho possível é soltar as amarras e mergulhar,corpo e alma, medo e desejo, luz e escuridão.. Porque ha um instante, que não se ousa reter e caminhar, nas nas galáxias intermináveis que ligam o nós. No meio desgovernado do ser, no entre da gente, na vida que transborda vida, na alquimia sem catálogo do que esta sempre por vir. Inédito pela comunhão de ser. Outro e outro e outro, no desenrolar de experienciar mundo.E outros mundos são criados na cadência de estrelas.Não há narrativa prévia, não há roteiro, não há enredo. Não há garantias.Há uma obra aberta para a vida e a morte para além do fim. Não há fim. Há movimento. Fluxo que amedronta e surpreende na sutileza de ser grande, na certeza de ser inteiro, e no dinamismo de ser livre.